sexta-feira, 26 de março de 2010

Boas Intenções

Não conheço a autora mas recebi e achei ótimo:

Boas intenções Por Carol Ribeiro . 03.03.10 – 10h30

“Vamos começar reciclando a palavra “lixo”. Não se espante porque hoje em dia já não se fala mais lixo, como antigamente, para se referir àquilo que sobra do nosso consumo. O termo atual e politicamente correto é “resíduo sólido”, mas nem por isso muda o cheiro ou a composição. Pessoalmente considero o vocábulo lixo muito mais adequado, compacto, sincero. Enfim, não importa, em qualquer língua, dicionário, enciclopédia, cabeça pensante, lixo ou resíduo é um subproduto da atividade humana.

A natureza não gera lixo, de cocô de formiga a pó de estrela, de minúsculas folhas a troncos centenários, tudo é inerte, orgânico, vegetal, mineral, animal. Na natureza tudo se transforma, se recicla sozinho, não é fantástico!?

Apesar disso já estive em uma cidade que não tinha árvores em suas calçadas, apenas alguns troncos decepados e nada mais. Quis saber o por quê e me arrependi. Disseram-me que as árvores foram retiradas porque causavam muita sujeira. Acredita? Nesta cidade também não havia cachorro e gato solto pela rua, nenhum, nem na praça! Tirei minhas próprias conclusões. Nesta terra os homens ainda garimpam e, por lá, já não vemos mais o fundo do poço.

Outro dia o gari que varre as calçadas estava reclamando que a árvore solta muita flor, e que por isso dá muito mais trabalho nesta época. Francamente, adoro flores, na copa, no chão, na grama, no asfalto. Flor pra mim nunca é demais, nem mesmo quando elas entopem a calha. Tudo bem, sou poeta, o que eu posso fazer? Dizer que o lixo e a poluição caminham lado a lado? Isto não é novidade.

Então, me pergunto por que muita gente ainda joga fora a garrafa PET junto com os restos da pizza de ontem? Quero crer que não seja por falta de informação, nem por descuido. É por preguiça mesmo, comodismo; eu sei, já fui assim. Tenho que confessar que parece mágica. Você põe o lixo na calçada, na sacolinha do super, no saco preto. Bota lá, tudo junto, e de repente: some! Abracadabra, tudo acaba! Só que todos nós sabemos que não é bem assim, o percurso do dejeto é abstrato demais.

Somos a geração com a maior disponibilidade de informação de todos os tempos e nem por isso conseguimos ser mais práticos. Como seria bom que a consciência se transformasse em atitude. Simples assim: como separar os resíduos que a gente produz todos os dias. Tento fazer minha parte e pronto, não vou tocar a campainha do vizinho e dizer que ele desperdiça lixo, joga fora o que não deve, nem teme.

Tudo bem, alguém se preocupa com isso depois. Eu procuro ser radical! Sofro porque não consegui implementar a composteira no quintal aqui de casa. Tentei, até quebrei um liquidificador batendo sementes de manga, pensei que se triturasse tudo a decomposição seria mais rápida. A gente sempre quer acelerar o processo.

Ainda tenho fé de que vou encontrar uma alternativa adequada para as cascas de batata – porque as de mamão já servem de alimento aos sanhaços da redondeza. Pequeno lixonário: reciclando conceitos Resíduo orgânico é tudo aquilo que se decompõe e serve para alimentar outros seres vivos como ratos, baratas, minhocas, lesmas, vermes e bactérias que colaboram com a limpeza deste planeta. O que fazer com ele, além de jogar para as galinhas? Bem, pode ser transformado em adubo ou em biogás. Na prática algumas soluções caseiras como pequenos minhocários podem funcionar, mas exigem paciência e disciplina.

Reciclável é tudo aquilo que pode ser transformado em matéria novamente, é algo que pode ser reaproveitado gerando economia de matéria-prima. No fundo, você sabe que a necessidade de matéria-prima é capaz de remover montanhas. Eu sei, mas ignoro às vezes. Faço apenas a minha parte, se tanto. Separo para a coleta seletiva tudo o que porventura possa ser reciclado. Valorizo o trabalho dos catadores, acho o máximo a cooperação que gera renda, homens e mulheres que ganham a vida vendendo “ lixo”.

Mas isso não é poesia nem consciência ecológica. É necessidade mesmo. Mandar seus resíduos para reciclagem pode ser muito mais fácil do que parece. Na cidade de São Paulo a prefeitura garante que 74 das 96 regiões são atendidas pela coleta seletiva. Você pode conferir diretamente no portal, ou pelo telefone 156.

Muitos outros sites explicam como você pode fazer a sua parte. Acontece que a informação não basta, temos que tomar alguma atitude. Com ou sem gelo. Aqui em casa eu separo apenas os vidros, que entrego no supermercado mais próximo, num PEV – posto de entrega voluntária. Separo todo plástico, papel, latinha, isopor – tudo junto – e deixo para o caminhão, que passa uma vez na semana aqui no bairro.

Desta forma, além do lixo do banheiro e da cozinha, que vai para a coleta normal, todo o resto segue para a reciclagem. Tenho um latão pequeno perto da pia onde jogo as embalagens previamente limpas, que no fim do dia vão parar num latão maior, de 60 litros, com tampa, afinal de contas o volume produzido é sempre considerável. Uma vez por semana reutilizo alguma caixa de papelão ou saco de comida para cachorro, e pronto! Liberto-me mais um pouco. Seria mais feliz se conseguisse consumir menos, mas deixo de lado a intenção e continuo me esforçando para, ao menos, não exagerar nas sacolinhas de supermercado; reduzi 90% delas com o uso de uma mochila há mais de três meses, e pasmem, estou conseguindo. É isso: troco duas boas intenções por uma boa ação. Paciência. Não é desta vez que vou me libertar.


E você, vai fazer o quê? Reciclar ou continuar se lixando para tudo isso?”

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